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Valerian no papel e na tela

  • Igor Oliveira
  • 11 de ago. de 2017
  • 3 min de leitura

Eu cá com meu coração de nerd véio adoro quando alguma ambiciosa oportunidade de marketing faz algum conteúdo anteriormente indisponível ficar disponível aqui na Terra Brasilis. Valerian e a Cidade dos Mil Planetas estreou ontem nos cinemas brasileiros, e em abril último a SESI-SP editora lançou o primeiro volume de Valerian Integral, com as histórias em quadrinhos de Pierre Christin (roteiro) e Jean-Claude Mézières (desenhos), a partir das quais o diretor Luc Besson fez a adaptação para o cinema. Tratei de fazer a lição de casa e vou contar pra vocês o que achei.

Primeiramente, Valerian no papel

Um verdadeiro presente, não tem definição melhor. Junte o hype em torno do filme com o trabalho ímpar que a SESI-SP editora vem fazendo no Brasil, e eis uma bela edição com capa metalizada e papel couché fosco 150 g/m², contendo 3 histórias de uma das séries mais sensacionais do quadrinho francês. A editora vem lançando muita coisa bacana de HQs europeias, além de trabalhos de brasileiros também.

Nesse primeiro volume de Valeriam são três histórias, sendo a segunda dividida em duas partes: 'Os Maus Sonhos' (1967), 'A Cidade das Águas Movediças' e 'Terras em Chamas' (1970), e 'O império dos Mil Planetas' (1971), num total de 160 páginas que ainda incluem uma entrevista com Besson, Christin e Mézières, e uma contextualização história feita pelo francês Stan Barets, estudioso especialista em ficção científica. Barets ainda fala sobre a influência de Valeriam em Star Wars.

O que mais impressiona ao ler as HQs do agente espaço-temporal é a diversidade de ambientes e paisagens que os autores colocam diante do leitor. Interessante ver como nos anos 70, em que o quadrinho americano estava mais focado nos personagens e em anatomia humana (super heróis, certo?), os europeus priorizavam os contextos e as paisagens, sem é claro dar profundidade e graça aos personagens. Alguns requadros de Valeriam são verdadeiras pinturas. Em alguns momentos Mézières chega a trocar toda a paleta de cores a cada duas ou três páginas, só pra te deixar de queixo caído.

Por conta do bom momento da saga de George Lucas, a comparação com Star Wars tem sido bem explorada pela editora brasileira, que inclusive está comercializando o livro com uma cinta que informa se tratar de “a HQ que inspirou Star Wars e revolucionou a ficção científica”. Embora Lucas sempre cite como influência principalmente Flash Gordon, é inegável o qual Valerian foi revolucionário para o gênero de ficção científica como um todo.

Valerian na telona: Besson sendo Besson

A história em quadrinhos que inspirou o diretor Luc Besson era uma paixão sua desde a infância, quando acompanhava a publicação da série na revista Pilote, em 1967. Há mudanças, é claro, na adaptação para o cinema, mas a essência da HQ está ali. Uma das diferenças, de cara, está na escolha do elenco, visivelmente voltado para atingir um público adolescente.

Dane DeHaan interpreta Valerian. Vocês devem lembrar dele em Espetacular Homem Aranha 2, filme em que interpretou o Duende Verde. A parceira do protagonista, Laureline, fica à cargo de Cara Delevingne. Vocês também devem lembrar dela como a Magia, do Esquadrão Suicida, embora não seja lá uma lembrança muito boa de se ter. Em Valerian dá pra dizer, com tranquilidade, que Delevingne está muito melhor que DeHaan, o que acaba incomodando de leve já que o cara interpreta o protagonista. A ação, no entanto, flui bem, e no fim das contas a atuação mediana do ator não atrapalha o filme.

Turma tá reclamando que o roteiro é fraco, resmungo de quem sempre gosta de se embriagar em tramas mirabolantes. A história do filme é simples, assim como os quadrinhos que o inspiraram. Nesse aspecto é fundamental que seja Besson e nenhum outro diretor no seu lugar. O cara não tem medo de clichês e pieguices e coloca tais artifícios a serviço da narrativa, tudo na medida certa. O complicado é que o pessoal fica esperando o melhor filme do mundo, quando na verdade nem o próprio Besson deve estar com essa expectativa. O diretor está mesmo é querendo se divertir.

Valerian e Laureline estão em uma missão para recuperar um artefato roubado por um contrabandista. A posse do item coloca os dois agentes numa situação mais complexa quando uma raça até então considerada extinta está atrás do tal artefato, e não mede esforços para recuperá-lo. Conforme a trama desenvolve, os dois agentes vão percebendo que tem algo de podre no governo a que servem, e os desdobramentos rendem uma boa crítica, sem erudições e cagação de regra, ao militarismo e as burocracias. O pano de fundo é um show, tudo que Besson queria no Quinto Elemento e não podia fazer, porque algumas tecnologias só viriam a existir anos depois.

Vá ao cinema e leva as crianças!


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