A Tropa Alfa de John Byrne
- Igor Oliveira
- 14 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

Nos últimos anos um dos grandes acontecimentos do mundo dos quadrinhos foi a estrondosa notoriedade do grupo Guardiões da Galáxia, da Marvel Comics, para o público em geral, por conta dos 2 filmes protagonizados pela equipe, ambos certeiros e divertidíssimos.
Os Guardiões eram completamente desconhecidos do público que acompanha a Marvel só pelos cinemas, e mesmo os mais versados nas HQs, em sua maioria, tinham uma vaga lembranças de leituras de histórias do supergrupo. Resolvi então resgatar aqui no Hipertextos histórias de um combo de heróis que está num patamar bem parecido com o dos ‘Guardiões’ no panteão quadrinístico: A Tropa Alfa.
Em 2007 a Editora Panini trouxe para o mercado brasileiro, em sua coleção “Os Maiores Clássicos”, um volume de 220 páginas com histórias da Tropa, que foi seguido de um segundo volume de mais 164 páginas. A Tropa Alfa foi criada em 1979 pelo magistral contador de histórias John Byrne, inicialmente para contextualizar o passado do personagem Wolverine, que ganhava cada vez mais popularidade.
Como o primeiro grupo de super seres do Canadá, a Tropa estreou na revista Uncanny X-Men 120, apesar de seu líder, o Guardião, já ter aparecido na edição 109 da mesma revista. A formação notória da Tropa Alfa conta ainda com Shaman, Sasquatch, os irmãos Aurora e Estrela Polar (este o primeiro super-herói gay das HQs), Marrina, Pássaro da Neve e Pigmeu.

No Brasil os leitores só conheceram as primeiras aventuras da equipe no final de 1982. Nos Estados Unidos, logo após a estreia o grupo ganhou revista própria, mas John Byrne sentia necessidade de aprofundar ainda mais os personagens, que achava rasos quando comparados, por exemplo, aos X-Men e aos Vingadores.
Essas duas edições contém histórias essenciais do grupo, bem como os flashbacks contando as origens de seus integrantes. É impressionante como um material que nasceu secundário e complementar aos X-Men possa conter alguns dos melhores momentos da carreira de John Byrne. A sequência da fuga de Pássaro da Neve (na neve!) na história 'Cegueira Branca', do primeiro volume, é uma aula de narrativa.
Desde minha iniciação na leitura de HQs de super-heróis, no início dos anos 90, minha equipe preferida sempre foram os X-Men, portanto nunca deixei de acompanhar de perto o trabalho de Byrne (em parceria com Chris Claremont). Por mais que pareça óbvio falar de John Byrne para que está habituado com o universo dos quadrinhos, voltar ao seu trabalho é muito prazeroso à medida que cada vez menos temos autores que escrevem e também desenham.
Além das inspiradíssimas histórias que ele contou, da Tropa Alfa e de outros personagens, seu traço é o limiar entre o estilo clássico de desenhistas como Jack Kirby e um novo estilo moderno e arrojado que viria a crescer no decorrer dos anos 80.
Ler a Tropa Alfa de John Byrne é puro deleite. É a experiência imaginativa que o mundo das HQs tem como essência, quando funde tão naturalmente (porque seus códigos assim permitem) a ficção científica, a fantasia, as narrativas urbanas e outros contextos.
Em tempos em que até a revista do Quarteto Fantástico foi cancelada por desentendimentos entre a Marvel e a Fox, sobre o uso de imagem dos personagens em filmes, sabe-se lá o que vai ser da Tropa Alfa. Portanto, aproveitem esses clássicos. Com uma leve garimpada você encontra sem dificuldade as duas edições que mencionei, cujas capas ilustram este post.
Boa aventura e até a próxima.
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