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Quadrinhos Nacionais: Insano

  • Igor Oliveira
  • 29 de ago. de 2017
  • 2 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.

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Insano é mais uma prova de que forma e conteúdo nos quadrinhos, quando em sintonia, contribuem demais pra uma história bem contada. Em pouco mais de vinte páginas, Fernando Barone (texto e edição) e Samuel Sajo (arte) contam a história do Sr. Sano, um japonês que vive no Bairro da Liberdade, em São Paulo, e acabou de receber de seu médico a notícia de que lhe restam apenas seis meses de vida, por conta de uma doença terminal.


Sano passa na farmácia e compra alguns remédios, e ao chegar em casa senta-se diante da televisão. Aí começa a história de verdade. Uma espécie de goteira que divide os requadros revela-se como uma alucinação cheia de horror, que leva o leitor aos flashbacks que se alternam entre o tempo presente, das últimas horas de vida do personagem. O que atormenta Sano é o fato de ter fugido, no passado, do seu dever durante a Segunda Guerra Mundial, pois era piloto camicase da tropa tokkotai e na última hora, quando deveria ter jogado o avião contra um navio dos Aliados, deu pra trás e fugiu para o Brasil.


O peso que Sano carregou ao longo da vida é ainda maior porque deixou pra trás Kiyoko-Kun, sua noiva. A moça até tinha sugerido que os dois fugissem juntos (também para o Brasil), mas no primeiro momento Sano negou a proposta. No final das contas, fugiu sozinho e em seus últimos momentos de vida ainda é atormentado com a assombração de Kiyoko, que supostamente teria se suicidado quando ele recusou sua proposta de fugirem juntos.



Não bastasse a história enxuta e precisa do Barone ser tão bem retratada por Sajo, com seu traço cheio de movimento e sugestões (em preto, branco e cinza), personagens são representados, ao longo da história, com as máscaras do teatro Kabuki japonês. Vontade, desespero, rancor e miséria servem para designar cada máscara a um personagem, e ao final da edição há uma descrição de cada uma das máscaras, e por qual motivo foi escolhida para designar determinado personagem.


Barone foi editor assistente na revista MAD e além de ter publicado Insano faz parte do coletivo de HQs Escape. Também o conheci no curso de roteiro do Felipe Castilho, que fizemos lá na Quanta Academia de Artes. Sajo conheceu Barone na MAD, onde desenha, e também faz parte do Escape. Tem Insano à venda, por exemplo, na Ugra Press. Comprei o meu logo que foi lançado, na CCXP 2015, e recomendo muito.


 
 
 

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© 2017 Hipertextos por Igor Oliveira. Criado com Wix.com

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