Quadrinhos Nacionais: Troféu HQMIX
- Igor Oliveira
- 19 de set. de 2017
- 3 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.
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No último domingo (17/09) aconteceu no Sesc Pompéia, em São Paulo, a entrega do 29º Troféu HQMIX, o mais importante prêmio brasileiro para histórias em quadrinhos e realizações relacionadas. Com mais de 35 premiados, o evento foi conduzido por Serginho Groisman, padrinho do HQMIX e apresentador do prêmio há 28 anos. Sendo o mestre de cerimônias e o local os habituais, a principal novidade foi o fato de que na edição deste ano autores e editoras puderam fazer inscrição direta para concorrer nas categorias. Os concorrentes se inscreveram e foram analisados, em primeiro turno, por um júri de jornalistas e pesquisadores da área, que levaram três meses avaliando o material enviado.
O cartunista Jaguar foi o grande homenageado da noite, e o primeiro a subir ao palco. A estátua do troféu deste ano, concebida por Olintho Tahara, é uma homenagem à tira Chopnics, que Jaguar estreou em 1964. Luiz Saidenberg foi outro veterano homenageado, com o prêmio ‘Grande Mestre dos Quadrinhos’. Toninho Mendes e Álvaro de Moya, ambos falecidos este ano, foram lembrados por muitos dos vencedores por conta de seus legados para os quadrinhos.
Mulheres em destaque

A edição deste ano teve presença marcante de mulheres. Cris Peter venceu na categoria ‘Colorista Nacional’ pelo seu trabalho em Astronauta – Assimetria, do já consagrado selo Graphic MSP. Também do mesmo selo, Mônica Força, de Bianca Pinheiro, faturou como ‘Publicação Juvenil’. Mika Takahashi ficou com o prêmio de ‘Novo Talento – Desenhista’, por sua Além dos Trilhos, e Germana Viana, efusivamente aplaudida, faturou o prêmio de ‘Web Quadrinhos’ pela sua série As Empoderadas. Como bem lembrou a artista, é muito bom que vozes diversas estejam ganhando espaço na premiação, mas é importante lembrar que são vozes “que sempre estiveram aí”.
Como prova de que o 'Draco Spirit' está fortíssimo, a Editora Draco levou três prêmios: ‘Publicação Mix’ para O Despertar de Cthulhu, ‘Publicação em Minissérie’ para Quack, e ‘Publicação Independente Edição Única’ para The Hype, as duas últimas no formato mangá, que também rendeu prêmio para a editora JBC pela publicação de The Ghost in the Shell, na categoria ‘Edição Especial Estrangeira’. O trabalho excelente da editora SESI-SP também foi reconhecido nas categorias ‘Editora do Ano’ e ‘Publicação Infantil’, esta pelo álbum O Roubo do Marsupilami, clássico do belga André Franquin.
Edições de luxo

Yeshua Absoluto e A Liga Extraordinária Dossiê Negro, duas belíssimas edições, renderam prêmios para a Editora Devir, que completou 30 anos de existência em 2017. Laudo Ferreira e Omar Viñole também foram premiados, como roteirista e arte-finalista respectivamente, tanto pela edição de Yeshua quanto pelas adaptações dos filmes de Zé do Caixão para HQs. Outra edição de cair o queixo, devidamente premiada nas categorias ‘Adaptação’ e ‘Publicação de Clássico’, foi Sharaz-de-Contos de As Mil e Uma Noites – Vol 1, do italiano Sergio Toppi, pela estreante Figura Editora. A Veneta, que vem se destacando tanto por qualidade de apresentação das suas edições quanto dos conteúdos, ficou com os prêmios de ‘Desenhista Nacional’ (Guilherme Petreca, por Ye) e ‘Novo Talento – Roteirista’ (Wagner Willian, por Bulldogma), além de ‘Destaque Internacional’ para Marcello Quintanilha, que vem lançando seus trabalhos por lá.

Quem não faz exatamente quadrinhos mas faz muito pelos quadrinhos também foi premiado. Me chamou a atenção a iniciativa Antologia HQ – Projeto HQ Ceará, premiada com o troféu para ‘Grande Contribuição do Ano’. Trata-se de uma antologia de autores de quadrinhos com objetivo de formação de leitores e fomento do debate sobre o segmento. Trabalhos acadêmicos e livros teóricos também receberam prêmios, e o Edson Diogo recebeu uma 'Homenagem Especial' pelos 10 anos de existência do seu Guia dos Quadrinhos.
Outro projeto importante anunciado em primeira mão durante a premiação foi o livro Efeito HQ, da professora Sonia Bibe Luyten e do cartunista JAL, ambos também da comissão organizadora do HQ Mix. O livro propõe o uso dos quadrinhos como prática pedagógica, para que o desempenho dos alunos nas escolas melhore para qualquer conteúdo em que forem adotados HQs dentro da metodologia. A edição é gratuita e pode ser baixada no endereço http://efeitohq.com/livro.
Ficou evidente, ao término do evento, que o mercado brasileiro de quadrinhos está num momento de coexistência da tradição com a inovação. Tem veterano que ainda está na ativa, editores amadurecendo cada vez mais e artistas e roteiristas talentosíssimos, com boas histórias pra contar. Não só o prêmio reflete isso, mas também outros indicados (e não indicados) que também tem um nível altíssimo, muitos deles presentes para acompanhar o evento e prestigiar os colegas do meio.
Não deixem de me acompanhar aqui às terças, porque o assunto é justamente esse: quadrinhos nacionais. A lista completa dos ganhadores do Troféu HQMIX está aqui. Até!
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