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Quadrinhos Nacionais: Apagão

  • Igor Oliveira
  • 7 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.

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Hoje recupero uma entrevista que fiz com o roteirista e editor Raphael Fernandes para o site Abacaxi Voador, em que escrevi entre 2014 e 2016. Fernandes estava lançando seu álbum Apagão, que se passa em São Paulo, com uma premissa relativamente simples: um blecaute que já dura três meses transformou a cidade em uma zona de guerra, onde gangues se enfrentam em busca de territórios e recursos. Embora já tenha passado algum tempo, vale conhecer o processo de criação dessa HQ que é das boas. A seguir, a entrevista.

O surgimento da ideia

Fernandes: Estávamos, eu e minha esposa, em um show do Gogol Bordello e o vocalista falou que ia tocar até acabarem as baterias, mas achei que aquilo era uma gíria cigana. Na saída do show fomos buscar o carro no estacionamento e o funcionário nos contou que um blecaute tinha rolado em boa parte do Brasil. Voltando para casa, o rádio era pura estática e apenas uma estação estava funcionando, mas a transmissão parecia a de um filme, ‘as regiões de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, etc. estão sem eletricidade. Ainda não foi confirmada a origem do blecaute, mas as autoridades estão investigando.’


Detalhe: eu estava na Zona Oeste e precisava chegar na Zona Leste. Pisei fundo, passando por barreiras que indicavam um controle emergencial do trânsito e no meio daquela escuridão pude perceber que São Paulo era uma cidade fantasma. Não haviam carros, pessoas ou luz. Foi assustador. Tentamos ligar pra casa, mas os celulares estavam sem sinal. Eu já estava completamente em pânico quando os postes de luz começaram a acender. Foi assim que nasceu Apagão.

Sobre financiamento coletivo e a execução do projeto

Fernandes: Quando fiz minha campanha no Catarse, a ferramenta era muito nova e estávamos todos experimentando aquela forma de publicação. A divulgação é um inferno. O autor acaba se transformando em um vendedor de Herba Life em quadrinhos, que não consegue falar de mais nada pelo período da campanha. No entanto, o processo foi mais exaustivo depois. O que eu costumaria levar um mês para escrever, me tomou cinco meses; e a arte que o Camaleão faria em dois ou três meses tomou um ano de produção. Foi o projeto que mudou toda a minha visão de edição de quadrinhos e me ensinou absolutamente tudo o que eu precisava para me formar na "Faculdade de Quadrinhos da Vida". Se eu fosse fazer uma campanha hoje, só começaria com todas as páginas desenhadas montadas.


Sobre a parceria com Camaleão

Fernandes: O Camaleão é capista da revista MAD (Fernandes foi editor da MAD) e trabalhamos juntos por anos antes mesmo de nos conhecermos. Sempre tivemos uma excelente relação de trabalho e acabou virando uma amizade bacana. Quando decidi que iria tentar enviar um projeto para a coletânea Imaginários em Quadrinhos, que a Draco estava promovendo (hoje Fernandes é editor de HQs da Draco), convidei o cara para fazer uma história fechada que eu tinha bolado. A história se chama Apagão: Ligação Direta e foi publicada no Imaginários 1, mas fez tanto sucesso que transformamos no primeiro título da linha Contraversão.

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Apagão acabou indo mesmo além do Catarse. O primeiro volume da história, que terá três partes no total, foi lançado pela Editora Draco, que certamente é uma exceção no mundo editorial. O publisher Erick Santos está de olho em material independente de ficção e fantasia, publica autores brasileiros desses gêneros há anos e cada vez mais investe em HQs. A editora inclusive recebeu vários prêmios nas últimas edições do troféu HQMIX, a mais importante premiação brasileira do segmento.


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