Quadrinhos Nacionais: Turma da Mata
- Igor Oliveira
- 28 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.
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A coleção Graphic MSP já é sucesso absoluto entre os leitores de quadrinhos brasileiros. A ideia de dar tratamento de novela gráfica às histórias, com releituras dos personagens criados pelo Mauricio de Sousa, tem sido um chamariz para os velhos leitores reencontrarem seus personagens queridos da infância, mas também é cada vez mais um canal de reconhecimento de grandes artistas autorais do quadrinho brazuca. Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali já ganharam algumas ótimas histórias e até vão ter versão live action nos cinemas, mas um outro mérito inegável da coleção é o resgate de personagens de um certo panteão alternativo do Mauricio, entre eles, a Turma da Mata.

Com roteiro de Artur Fujita, desenhos de Roger Cruz e cores do Davi Calil, Turma da Mata - Muralha é uma daquelas aventuras pra ler em uma sentada só. A premissa é simples e eficiente: em tempos remotos o Rei Leonino I encontrou, em uma montanha, uma grande mina de calerium, um metal raríssimo com a propriedade de aquecimento em contato com a água. A descoberta deu início a uma era do vapor, que significou um salto evolutivo representado sobretudo por embarcações voadoras.
Leonino I tinha o reino mais rico e poderoso do mundo. Outros reinos pagavam altos valores pelo calerium, e a ganância de Leonino alcançou patamares inconcebíveis. O rei deixou a mata em que vivia e construiu uma fortaleza no topo de uma montanha, cercada por uma muralha intransponível. Com a falta de mão de obra para trabalhar nas minas de calerium, passou a sequestrar e escravizar os moradores da mata. A famosa Turma da Mata se reúne, então, para resistir ao rei. Coelho Caolho, Raposão, Tarugo, Rita Najura e o lendário guerreiro verde (sim, Jotalhão!) estão de volta como você nunca viu.

O que vem em seguida é adrenalina pura. Fugas, perseguições e intrigas, tudo permeado pelo humor que sempre caracterizou as histórias clássicas da turma, que começou em 1964, na Folha de São Paulo. Em pouco mais de 70 páginas o trio de artistas consegue passar a emoção de uma história que é das aventuras mais divertidas. O trabalho de lápis e cores de Cruz e Calil dão uma baita vida ao roteiro eficiente de Fujita. Cruz dá um tom de realismo aos animais que funciona tanto nos momentos de drama, em que conhecemos um pouco da história de cada um deles, quanto nas cenas de ação, que enchem os olhos, também graças ao calor das cores.
E essa beleza das imagens e o capricho na edição (capa dura, turma, por favor!) ficam mais bacanas ainda de se ver porque estão amparando uma história que, ao mesmo tempo que não é boboca para os leitores mais veteranos, serve muito bem pra despertar na criançada a sensibilidade pra algumas ideias sobre política, corrupção, traição, e outros temas que sempre serão atuais. No final do volume, lendo os extras, a gente quase não acredita quando relembra que aquela Turma da Mata, tão simpática e singela, poderia se tornar tão badass... Sem perder a essência e a simpatia, é claro.
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