Quadrinhos Nacionais: Fawcett
- Igor Oliveira
- 26 de dez. de 2017
- 3 min de leitura
Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.
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Na primeira semana de dezembro rolou a Virada Nerd, no Museu da Imagem e do Som, aqui em São Paulo. Promovido pela Editora Devir, o evento teve uma programação muito bacana de bate papos, mesas de jogos de tabuleiro, e muito quadrinho à venda, em preços atraentes principalmente a partir da meia noite de sábado para domingo. Foi uma ótima oportunidade pra ter um panorama de todos os títulos disponíveis pela Devir (e outras editoras também) num só espaço, e aproveitei pra fazer umas comprinhas, entre elas o álbum Fawcett, com roteiro do André Diniz e desenhos do Flavio Colin.
O Coronel inglês P. H. Fawcett esteve no Brasil em 1925, segundo ele em busca de cidades soterradas no sertão do Mato Grosso. Fawcett ainda afirmava que uma dessas cidades, conhecida como Muribeca, era originária de Atlântida, e que só retornaria ao seu país depois de encontrar as ruínas dessa cidade. O coronel fez duas expedições por aqui. A de 1925 foi a segunda, que fez acompanhado somente por mais dois homens, sendo um deles seu filho Jack. O grupo desapareceu nas matas brasileiras, nunca mais foi visto.
Esse status de lenda que o Coronel Fawcett alcançou é o que motiva a narrativa do André Diniz, nas 40 páginas da HQ. E já que com o desaparecimento da expedição inteira não sobrou quem contasse o que de fato aconteceu, a história do André é só uma das tantas possíveis, e é aí que está o barato: uma boa dose de ficção e aventura pra tentar imaginar o que pode ter acontecido ao coronel e seu grupo. A história é bem construída, tem algumas reviravoltas bem inesperadas, e tem os desenhos do Flavio Colin...
Pra escrever a coluna desta semana acabei relendo a entrevista de Colin publicada no livro Universo HQ Entrevista. A entrevista é de 2001, um ano depois da publicação da primeira edição de Fawcett (Editora Nona Arte), que rendeu ao desenhista o Troféu Angelo Agostini de 2000. A sensação é de que não tinha ninguém melhor pra dar vida à história de Diniz. Flavio Colin é um dos maiores artistas de quadrinhos que o Brasil já teve, e sempre focou seu trabalho na pesquisa e no estudo constante, além de ser um defensor ferrenho dos temas nacionais dentro das HQs. O estilo muito particular de Colin dá um charme especial a Fawcett. O deleite visual de encontrar detalhes e complexidade dentro do traço simples do artista é indescritível. Se não tivesse falecido em 2002, Colin certamente ainda estaria produzindo.
Indiana Jones, Nathan Drake, Corto Maltese, todos os aventureiros mais populares da ficção sem dúvida ecoam um pouquinho da história do Coronel Percy Harrison Fawcett. E a narrativa de André Diniz e Flávio Colin não deve nada pra os medalhões que eu acabei de citar. A edição atualmente disponível, que eu li, é a da Devir, de 2010, que além da história em quadrinhos traz um prefácio do André, que mostra o quanto houve pesquisa pra chegar ao resultado final que lemos. Trocando mensagens com ele no Facebook esses dias, o roteirista me contou que Fawcett é um trabalho pelo qual ele nutre um carinho muito especial. Também pudera, é uma lindeza.
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