Quadrinhos Nacionais: Opala 76
- Igor Oliveira
- 9 de jan. de 2018
- 2 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.
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Em uma típica cidade do interior brasileiro, o jovem Dario trabalha na segurança pessoal do coronel Braga, serviço dos mais escusos que inclui queima de arquivo e outras tarefas afins. Logo nos primeiros momentos da história o rapaz retorna de uma missão com um dano colateral dos pesados, especificamente a perda do olho esquerdo. Opala 76, de Eduardo Ferigato, foi a HQ vencedora do Troféu HQMIX ano passado, na categoria ‘Publicação Independente de Autor’. Acabei de ler o álbum e deu bem pra entender o porquê.
Dario é internando num hospital e recebe a visita do pai, que tinha se afastado do filho desde que este entrou para o crime. Os dois discutem e o pai vai embora. Logo após deixar o hospital, Dario já é designado por Braga para um outro serviço, cuja realização leva Dario a desistir da vida de capanga e sumir da região. Saltamos então 15 anos na história. Dario é um cinquentão, trabalha numa madeireira e enche a cara depois do expediente, mas seu destino está prestes a mudar quando recebe uma carta comunicando a morte do pai e convocando-o a lidar com o inventário dos bens.
E é aí que entra o Opala 76, que o pai de Dario estava reformando desde sua juventude, e agora é seu. O protagonista retoma o trabalho com o carro, só falta pintar e montar. Mas o que parece ser um futuro pacato, reconectando Dario com as melhores memorias do pai, vira um pesadelo, com as piores assombrações (totalmente reais) do passado.

Com traço detalhado e seco ao mesmo tempo, Ferigato vai nos apresentando uma história rica em personagens, sobre pessoas, e que justamente por essa razão tem um impacto espetacular quando de tempos em tempos damos de cara com uma cena repleta de ausência, uma natureza morta. A paleta de cores, sempre em tons mais pastéis, ganha vida no vermelho do sangue e no amarelo da pintura do carro. O Opala e a violência são definitivamente os donos da história. Deliciosos também são os desenhos que marcam a transição dos capítulos, e mostram a evolução da montagem do carro.
Não canso de falar aqui de HQs que, além de serem escritas e desenhadas por brasileiros também trazem histórias que se passam no nosso país. Opala 76 é um drama típico dos confins do Brasil, mas poderia tranquilamente ser filmado pelo Scorsese naqueles filmões de 3 horas de duração que ele fazia tão bem nos anos 80. Ah! Tem lá na Ugra! E aproveitem pra conhecer o portfólio do autor e o site do coletivo Quad Comics, do qual Ferigato faz parte. Em breve vou falar de mais material deles pra vocês por aqui. Feliz 2018, com muitos quadrinhos, façam o favor!
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