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Quadrinhos Nacionais: QUAD

  • Igor Oliveira
  • 6 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

Toda terça feira é dia de quadrinho nacional aqui no HIPERTEXTOS. Projetos bacanas, boas histórias, e gente criativa que eu venho conhecendo ao longo dos últimos anos, já que resolvi me embrenhar nesse mundo também como criador. Espero que se divirtam o tanto quanto eu tenho me divertido.

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Quando via, em eventos, as capas dos álbuns da série QUAD, tinha quase certeza de que ia gostar. Pois julguei o livro pela capa e acertei. Na última CCXP peguei o primeiro volume, e no último domingo me estiquei na minha poltrona preferida aqui de casa, tomando um cafezinho depois do almoço, e mergulhei no universo concebido por Diego Sanches, Aluísio C. Santos, Eduardo Schaal e Eduardo Ferigato.


As histórias do universo QUAD se passam em um futuro pós-apocalíptico. Depois do evento conhecido como “A Tempestade”, ocorrido em 2084, uma tempestade solar acabou com toda a tecnologia da Terra, e com isso rolou uma pane total nas comunicações, colapso em reatores nucleares, mudanças climáticas, e até países deixaram de existir. É nesse contexto que conhecemos 4 histórias fechadas, mas que se passam no mesmo universo, cada uma protagonizada por diferentes personagens, e escrita e desenhada por um dos quatro pais do mundo de QUAD.



Em 'Terah & Elvis', de Eduardo Schaal, acompanhamos a dupla de protagonistas que dá nome à história numa situação que tinha de tudo pra ser corriqueira mas acaba deixando um baita gancho pra uma continuação. Terah é mecânica, o que num mundo como o de QUAD quer dizer aceitar todo tipo de trampo, dos mais bobos aos mais bizarros, e Elvis é um gato preto híbrido ciberorgânico, que ao invés de ficar em casa como todo gato costuma gostar, acompanha Terah na missão da vez, o que no fim acaba sendo bem importante pra narrativa.


Aluísio C. Santos nos apresenta 'Esp-Trent', um robô ‘exorcista de softwares paranormais’. Os caras foram buscar lá nas Leis da Robótica do Isaac Asimov a inspiração pro personagem, que restaura as definições das leis de Asimov em robôs que são invadidos por vírus auto-conscientes que habitam o cyberespaço da cidade Domo-de-Areia, tentando assim passar para o mundo real. A pegada de Trent é de um detetive cheio da perspicácia dos grandes personagens do gênero, mas que carrega o peso da possibilidade de um dia também ser infectado por um vírus.



Em seguida temos Muros, do Diego Sanches, em que acompanhamos um grupo de outsiders conhecidos como Lixeiros, espécie de gangue que percorre o mundo em busca de objetos antigos, que usam para trocar por recursos de que realmente precisam com os robôs que comandam uma das muitas cidades autômatas que se espalham pelo planeta. Quando um dos homens que vive na cidade, como uma espécie de engrenagem para o funcionamento da estrutura, percebe a presença dos lixeiros e questiona sua própria condição, o resultado é um dos papos mais bacanas sobre o que nos faz humanos, em contraponto à automação que nos desumaniza.


O Capitão Lucas e seu imediato Daniel, na espaçonave Explorer 202, encerram a edição. Eduardo Ferigato, com sua 'Sally', ficou responsável pelo momento exploração espacial desse primeiro volume de QUAD. O desfecho da história reverencia um dos grandes clássicos do gênero no cinema, que eu não vou contar qual é pra não perder a graça. A descoberta que o Capitão Lucas faz nesse planeta desconhecido mexe com o personagem, que termina a história traçando novos rumos pras suas aventuras.


Embora Sanches, Santos, Schaal e Ferigato tenham traços diferentes, há uma unidade estética que liga as histórias, sobretudo por conta da escolha do preto e branco, e mais ainda pelo cinza, como bem lembra Schaal ao agradecer os parceiros, ao final do volume, pelas dicas em relação a essa cor. As paisagens de QUAD são belíssimas na sua aridez e desolação, mas tudo a serviço dos personagens, porque todas as histórias têm uma pegada forte de personagens. A escolha da ficção científica é feliz. Temas caros ao gênero são reapresentados sem perder a essência, e novidades são bem vindas, como os lixeiros filósofos de 'Muros', que funcionam muito bem.





Desde o lançamento do primeiro volume, em 2015, através de financiamento coletivo na plataforma Catarse, o universo de QUAD já teve mais 3 publicações, sendo dois volumes no mesmo formato do primeiro, com histórias fechadas, além de Svalbard, que é uma continuação direta das histórias 'A Espera' (QUAD 3), e 'Um Jogo de Espelhos' (de Eduardo Ferigato em QUAD 2).


Pra comprar tá facinho. Os caras direcionam o link do site deles pra loja virtual da Ugra Press, que além das histórias do universo também comercializa as outras publicações do selo Quad Comics. Quer Sci-Fi bom, e quadrinho bom? Recomendo QUAD.



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